Um carro ou uma Nave? Veja como ficou a nova Lamborghini Huracán



Para ser dono de um Lamborghini Huracán LP 610-4 será preciso pagar caro, até para os padrões europeus, onde o lançamento parte de 169.500 euros. Dá para comprar quase dois BMW M3 sedã, e garantir a diversão. Mas quem paga bem pelo superesportivo italiano acaba levando dois carros para casa. Ou melhor, um para a garagem de casa e outro para a pista.

É lá, em um traçado de competição, que o furacão pode revelar todo seu potencial. O cenário escolhido pela Lamborghini não poderia ser mais adequado: o circuito Ascari, no sul da Espanha, batizado em homenagem ao piloto italiano Alberto Ascari.


A posição de dirigir – nesse caso, pilotar – é bem baixa, próxima ao chão. O motorista/piloto é envolvido pelo cockpit, mas não procure a alavanca de câmbio: além de a Lamborghini ter optado por não oferecer a transmissão manual, o engate das sete marchas com dupla embreagem é feito apenas pelas enormes borboletas atrás do volante.

Usar a ré é um capítulo à parte, uma alavanca no meio do console que deve ser puxada para trás (e manobrar para trás é um capítulo ainda mais especial, por conta da visibilidade limitada).

Mas para a frente é que se acelera um carro desses, equipado com motor V10 5.2 de 610 cavalos de potência e torque de 57 kgfm. Segundo a Lamborghini, o cupê acelera de 0 a 100 km/h em 3,2 segundos, e chega aos 200 km/h em 9,9 s. Na arrancada, as quatro saídas do escapamento emitem um som grave, o ganho de velocidade não desmente o cronômetro e a direção (eletromecânica) direta e precisa ajuda a domar a fera.

A suspensão multibraços (de alumínio) permite um rolamento mínimo nas curvas (são 13 para a direita e 13 para a esquerda nos 5.425 metros de Ascari). Alterar o comportamento geral de tração, motor, transmissão e controle de estabilidade ficou muito simples no Huracán. Basta acionar as posições Strada, Sport e Corsa em uma tecla na base do volante.

Uma chicane improvisada interrompe a principal reta do circuito. Mas depois de testar forte os freios de carbono-cerâmica, é a oportunidade de acelerar flat, e conferir o conta-giros chegar próximo ao seu limite de 8.250 rpm. Nesse momento o motor grita um som metálico que mexe com os instintos de velocidade, mas a curva chega rápido. Frenagem forte, entrar na curva e confiar na suspensão e na tração nas quatro rodas, que não decepcionam. Embora, no modo Corsa, o carro mostre-se mais naturalmente arisco.

Curioso que, poucas semanas antes, o mesmo circuito de Ascari recebeu a apresentação do McLaren 650S, que comemorou a aceleração de 0 a 200 km/h em 8,4 segundos – com seu motor twin turbo. O Huracán, como bom ciclone, respira apenas ar natural, e conta como inovação com o sistema de injeção direta e indireta. O turbo não está nos projetos imediatos para o carro.

A Lamborghini aposta hoje mais na redução de peso, segundo ela mais favorável do que a de dois concorrentes: Ferrari 458 Italia (2,39 kg/cv) e McLaren MP4-12 (2,41 kg/cv). A ficha técnica do Huracán atesta 1.422 kg, (1.550 kg abastecido). Feitas as contas, cada cavalo no cupê carrega 2,33 kg. Sua velocidade máxima divulgada é de 325 km/h.

Apesar de tanta força, a marca italiana – hoje parte da Audi dentro do grupo Volkswagen – afirma ter desenvolvido um carro mais “amigável” do que o antecessor Gallardo, maior sucesso comercial da história da marca, com mais de 14 mil unidades produzidas em dez anos. “Chocar as pessoas é trabalho para o Aventador”, afirma Stephan Winkelmann, presidente e CEO da Lamborghini. Como se o design agressivo, os faróis de LED (novidade em um superesportivo) e as rodas de 20 polegadas (pneus Pirelli 245/30 na frente e 305/30 atrás) já não fossem suficientemente chocantes.

Para isso a empresa adotou da aeronáutica uma solução tecnológica, segundo ela usada pela primeira vez em um carro de produção em série, a fim de garantir a estabilidade de seu bólido. Em lugar dos habituais sensores, o Huracán apoia a administração de seus sistemas dinâmicos em três giroscópios e três acelerômetros. O recurso, batizado de Piattaforma Inerziale, “sabe” o que está ocorrendo com o carro a todo instante no espaço tridimensional para garantir respostas ainda mais rápidas do que as obtidas até hoje.

Tanta tecnologia naturalmente se reflete também no visual. As linhas futuristas e hexagonais do exterior continuam dentro do carro, das saídas de ar ao desenho dos comandos. Até o limite do estranhamento: sete teclas alinham-se horizontalmente no console em uma configuração de fazer inveja a projetistas de ficção científica.

O volante de base reta vai além de sua função de harmonizar com o estilo de um superesportivo. Reúne vários comandos, incluindo o limpador de para-brisa. O quadro de instrumentos, como tem-se tornado habitual, pode ser personalizado de acordo com as preferências do motorista.

Ainda assim, o LP 610-4 não é um carro para todas as situações, e deve sofrer em localidades com piso ruim. Em Marbella, próximo a Ascari, a 5 km/h o carro raspou mesmo nos baixos e civilizados redutores de velocidade europeus.

Por tudo isso, se comprar um Huracán ainda em 2014 está entre seus planos, considere também a filiação a alguns dos grupos que promovem track days em circuitos de competição. É principalmente nesses locais que será possível extrair toda a fúria que o furacão promete já no nome.

O Huracán será destaque da Lamborghini no Salão do Automóvel. Na verdade, vai rivalizar como uma das maiores atrações da mostra que começa em 30 de outubro. Embora suas vendas estejam confirmadas ainda para este ano, não há preço definido ainda para o mercado brasileiro. Tendo por base o R$ 1,5 milhão da Gallardo, já dá para ir fazendo algumas contas.

Caso sua preferência seja, digamos, mais germânica, aguarde. A estrutura híbrida de alumínio e fibra de carbono do Huracán será base também para a nova geração do Audi R8.



0 comentários:

Postar um comentário